Littsint.no
Curso on-line grátis sobre o controle da raiva para os pais
Psicólogo especializado Steinar Sunde
Littsint.no
Littsint.no é um curso on-line grátis de autoajuda desenvolvido pelo Centro de Terapia Familiar da Noruega com o apoio do Conselho Diretivo para a Infância, Juventude e Família (BUF-dir e BUF-etat) da Noruega.
O Littsint.no foi desenvolvido como resposta a pesquisas que mostram que a violência contra as crianças é mais comum e mais prejudicial do que se supunha na Noruega.
Nos últimos anos, o Littsint.no teve de 60 a 100 usuários novos todos os dias. O material disponível foi traduzido para onze línguas.
Extensão da violência contra as crianças na Noruega
Numa pesquisa com 7.033 alunos do último ano do ensino médio, Mossige (2007, NOVA report) revelou-se que:
6% dos estudantes sofreram violência grave por parte dos pais (socos, espancamentos). Mães e pais praticaram violência grave contra jovens na mesma medida.
19% dos estudantes relataram violência leve por parte da mãe
(tapas, sacudidas violentas, beliscões etc.).
13% dos estudantes relataram violência leve por parte do pai.
Filetti 2009: Estudo sobre Experiências Adversas na Infância (ACE)
Foi conduzido com 17 mil pessoas em amostragem normal.
Demonstra uma forte correlação entre problemas na infância (violência, abuso) e transtornos físicos e psicológicos na idade adulta.
Crescer presenciando ou sofrendo violência é o maior fator de risco à saúde relacionado com a morte prematura (em torno dos 20 anos). A causa de morte mais frequente tanto pode ser câncer ou parada cardíaca, quanto suicídio ou abuso de substâncias.
Os anos da infância são muito importantes
A Associação Médica Norueguesa (NMA) elaborou, em 2010, um relatório baseado no estudo ACE, entre outros.
Os resultados do estudo ACE mostram que o efeito das experiências negativas na infância é profundo, aumenta com o tempo e tem um papel decisivo em problemas de saúde futuros e em morte prematura.
Isso significa que muitos transtornos comuns na vida adulta devem ser interpretados como o resultado das experiências da infância.
Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas (1989)
Lei Norueguesa de Proteção à Criança (1991): salvaguarda dos direitos das crianças e proibição da violência física contra crianças.
A atualização de 2010: explica a proibição de espancar, bater, ameaçar ou prejudicar a saúde psicológica ou física de uma criança.
Convenção sobre os Direitos da Criança: “Violência disciplinar” significa a educação baseada no medo e não na confiança.
Gottman (2016): “Gentileza, cordialidade, otimismo e paciência são ferramentas muito melhores do que a punição para criar filhos bem-comportados e emocionalmente saudáveis.”
A experiência da culpa e da vergonha
Quando expostas à raiva e à violência, as crianças não conseguem se proteger nem entender. A reação psicológica natural é criar uma sensação de controle ao assumir a culpa pelo que está acontecendo.
O preço que elas pagam por isso é crescer com uma vergonha incompreensível e com baixa autoestima.
Algumas desenvolvem transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
TEPT
Aproximadamente 55 mil pessoas na Noruega têm TEPT em algum momento.
Pode se desenvolver em pessoas que presenciaram ou foram submetidas a situações que poderiam resultar em ferimentos graves ou em morte.
Memórias intrusivas (flashbacks).
Reações de esquiva (em resposta a pensamentos, emoções, pessoas).
Ativação física (“lutar ou fugir”, como se estivesse em perigo).
Sono agitado, irritabilidade, raiva, problemas de concentração.
Memórias fragmentadas e pouco organizadas.
Consequências do TEPT
Muda a forma como as pessoas pensam sobre si, os outros e o mundo, e leva a uma sensação de perda de controle das próprias emoções
Autoavaliação negativa (eu sou horrível)
Avaliação negativa dos outros (não é confiável)
Avaliação negativa do mundo (o mundo é mau)
Experimentam a sensação de reviver as coisas repetidamente (flashbacks)
Bregman (2020) Humanidade: Uma história otimista do homem
Entender as crianças
O cérebro das crianças é naturalmente programado para buscar segurança, amor, conhecimento e compreensão. Seus filhos querem ser afetuosos e altruístas. É preciso evitar espancamentos, sarcasmos, ameaças, declarações depreciativas ou expressões de desprezo. (Gottman 2016)
O medo chega rápido; sentir-se seguro leva tempo. Os adultos têm a responsabilidade de promover uma sensação de segurança na vida das crianças. Não perder a paciência com a criança é o primeiro passo. Encontrar uma forma de consolar e acalmar é o próximo passo. (Montgomery 2018)
Conhecimento para os pais
Montgomery (2018): “Há uma equívoco comum de que educar uma criança é o que se faz quando ela se comporta mal, mas educar uma criança é tudo o que se faz com ela.”
Gottman (2016): “Gentileza, cordialidade, otimismo e paciência são ferramentas muito melhores do que a punição para criar filhos bem-comportados e emocionalmente saudáveis.”
Greene (2021) As crianças se comportam bem se puderem. As crianças se comportam mal quando se sentem inadequadas.
ICDP – ver a si mesmo de fora e ver a criança de dentro
Mostre aos seus filhos que você os ama
Siga a liderança de seus filhos
Participe das emoções de seus filhos
Faça elogios e agradeça
Atenção mútua
Fale sobre coisas que vocês fazem juntos
Crie conexões com outras experiências que a criança teve
Planeje, apoie, facilite e estabeleça limites positivos (Karsten Huneide)
Equívocos
É surpreendente saber que a raiva tem pouco a ver com o que a criança faz. É muito mais sobre a forma como os pais se sentem consigo mesmos e com a criança em determinada situação.
Em dias ruins e estressantes, os pais tendem a ficar excessivamente autocríticos, pensam que não estão à altura da tarefa e que a criança se comporta mal.
Crianças pequenas não são teimosas porque querem ser travessas com os pais.
Littsint: uma escolha pela empatia
O objetivo do Littsint é ensinar aos pais que eles têm mais controle sobre si e suas ações do que eles pensam.
Nossas emoções não vêm por acaso. Há um lógica em nossos pensamentos e emoções que revela um significado.
Podemos aprender a ser mais previsíveis para nossas crianças quando identificamos as autocríticas mais comuns e a ativação do “lutar ou fugir” no cotidiano.
O poder do pensamento
A forma como interpretamos as situações determina nossos sentimentos e atitudes. “Não vemos as coisas como elas são: vemos as coisas como nós somos.”
A terapia cognitiva ajuda a refletir sobre seus pensamentos e não apenas a ver tudo através deles, como se fossem a única coisa certa.
Ter mais consciência da forma com que os pensamentos influenciam as emoções e de como percebemos as opções, amplia em maior grau as escolhas das atitudes que queremos ter.
Dever de casa
Quando você sentir que quer gritar com a criança ou segurá-la, assuma a responsabilidade e afaste-se da situação.
Lembre-se de que seus filhos agem da melhor forma possível. Não é uma questão de a criança não ter respeito ou você não estar à altura da tarefa.
Depois de se acalmar, fale com a criança como gostaria que ela falasse com você.
Lembre-se de que, antes de tudo, você é um exemplo e é quem ensina a criança sobre como devemos falar uns com os outros em casa.
Empatia traz felicidade
Uma criança com quem conversei sobre felicidade disse:
“Felicidade é conseguir dizer o que a gente pensa sem ter que pensar sobre o que a gente diz.”
As crianças precisam se sentir livres para pensar em voz alta e confiar que seus sentimentos e emoções serão aceitos e aprovados.
É isso que traz felicidade para as crianças e para os pais.